domingo, 19 de abril de 2009


Aprendendo a ser leve.
Aprendendo a ser grande.

Sobre um medo

Sou duas. Uma preta e uma branca. Uma sombra, a outra luz.

Vetores. Uma seta na direção contrária. Forte, tensa, dura. Presa, amarrada.

Um medo que segura, que enrijece, que tenciona.

Que me trava e me impede o fluxo livre.


Medo de ser livre. Medo de ser feliz.

Sensação de estar solta, frouxa, sem amarras.

Medo do lado bom da vida, das coisas boas, que me libertam, que eu aproveito, que seduzem. Necessidade de estar presa, amarrada, tensa a algo que me segure firmemente.

Minha vida caminha e eu nem consigo percebê-la desta maneira. Agarro-me com todas as forças ao que conheço.


Medo de não ter planos, medo de não ter certezas, medo de não saber...

Necessidade de me prender, me amarrar.

Fico na ilusão do poder, da certeza, do que possuo e do que controlo.

Medo. De deixar fluir, de deixar passar, de abrir caminho para chegar.

Medo de não saber.

Entranhas, passado, presente, família.

Laços, o que eu aprendi, o que sei, o que não quero ser, o que já sou.

O que estou sendo, me tornando, me construindo.

Uma página em branco, uma vontade.

Uma vida adiante e tantas possibilidades.

Escolhas, caminhos e uma estrada.


Não acredito.

Me obrigo, me brigo, me empurro uma necessidade, uma prisão, uma obrigação.

Um não sei o quê de tem que, um qualquer coisa de não posso simplesmente ser livre assim.

Aprendi a ter amarras, a me segurar, a ficar no mesmo lugar, a não ir muito longe.

Aprendi a me angustiar. Aprendi a ter obrigações, não a ser feliz e gozar da vida.

Sigo tentando, afrouxando, renovando.

Tentando acreditar na possibilidade de que a vida pode ser outra.

Mais leve, mais feliz, mais carinhosa, talvez.

Menos dura, menos rígida e menos contra.

A favor. De mim, das minhas vontades, dos meus desejos.

Das minhas possibilidades.