terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sinto-me nascendo.
Sinto uma despedida. Um sofrimento de alguém que vai embora e parece nunca mais voltar.
A dor de um parto.
A dor de algo que, para sair, precisa passar por um espaço pequeno e apertado.
Assim está o meu peito.
Uma teia que se fecha, tensiona.
Um medo que me faz retrair.

Sinto-me nascendo.
Olho para os meus mestres e entendo a importância de tê-los na minha vida.
Não seria ninguém sem minhas parcerias.

Tenho medo. De ser grande, de cantar, de ser livre, de voar.
O ar que me falta é o mesmo que me impulsiona, me enche de vida e de energia.
É apenas uma questão de espaço.
É preciso abrir espaços, expandir o que vem se contraindo.
É como se muitos buraquinhos pequenos existissem aqui dentro de mim. Pequenos e vazios. E ao permitir que eles se encham de ar, eles se inflam, ganham um novo espaço, tornam-se maiores. Ganham vida, enfim. Vivem. Crescem. Amadurecem.

Outro dia, ouvi o seguinte diálogo: "- Deus me livre de perder os meus pais. Não sei o que seria de mim sem eles... Como é a sensação de não ter mais pais?
- Eles morrem, a gente cresce e vira adulto."

Estou precisando matar "meus pais" aqui dentro.
Estou precisando encher de ar os meus buraquinhos.
Estou precisando trazer vida para meus lugares obscuros.
Estou precisando viver nas minhas possibilidades sem medo da minha liberdade.
Por que ela vem.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Por que me sinto, às vezes, tão menina, meu deus?!
Tem dias que sinto que mato um leão por dia para crer que sou capaz, que tudo será possível.
Insegurança, medo. Alguém me disse que eu não podia e eu tô podendo.

Sinto muito medo, sinto que não vou conseguir, sinto que não sou suficiente. Abro a boca e sinto medo de não alcançar o lugar que eu quero chegar. Antes de abrir, a cabeça ferve em pensamentos que me fazem duvidar de tudo. De mim, das minhas possibilidades, da minha capacidade. E sofro. Uma briga interna que faz querer ir embora e não voltar nunca mais.
Sinto a angústia de querer ser livre e não conseguir.

Uma luta diária, numa tentativa incessante de alcançar algo que sei que posso, mas que minhas entranhas insistem em acreditar que não. É como se não tivesse nascido para isso e estivesse quebrando todas as barreiras fazendo o que faço. É como se em algum momento alguém tivesse me contado que este não era o meu destino, que seria ousado demais da minha parte ir por estes caminhos. Quase como um: "cuidado, esta não é a área reservada para você".
E ainda assim, eu estou lá.
Sofrendo, mas indo.

Agradeço muito aos meus amigos, aos que trabalham comigo e me ajudam a cada dia - ainda que nem desconfiem disso. Sem eles, eu nem sei.
E à minha terapeuta que eu tanto amo e que tanto me suporta. Sem ela, eu sei menos ainda.